sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Os fundadores da Sociologia

As correntes teóricas da Sociologia

Com a consolidação do capitalismo na Europa, no século XIX, surge a Sociologia como ciência particular. O pensamento de Saint-Simon (1760-1830), Hegel (1770-1830) e David Ricardo (1772-1823) serviram como base para que Comte e Marx desenvolvessem teorias divergentes.
São três os principais pensadores clássicos da Sociologia, a saber: Marx, Durkheim e Weber.

Auguste Comte (1798 – 1857)

O termo Sociologia foi criado por Augusto Comte em 1838 , sendo considerado o pai da Sociologia – provavelmente o primeiro pensador moderno. Comte defendia a ideia de que para uma sociedade funcionar corretamente, precisa estar organizada e só assim alcançará o progresso. Seu esquema sociológico era tipicamente positivista, corrente com grande expressão no século XIX.

Comte era francês, republicano e com idéias liberais que lhe permitiam elaborar suas propostas para resolver os problemas da sociedade de sua época. Para Comte, que vivia na França pós-revolucionária, a questão a ser resolvida era como organizar a nova sociedade que estava em ebulição.

A resposta, segundo ele, seria uma reforma completa da sociedade em que vivia, partindo para isso da reforma intelectual plena do homem. Modificando a forma de pensar dos homens por meio das ciências, haveria a reforma das instituições (Positivismo – uso de métodos científicos de análise em contraposição ao uso da fé e da religião).

Para Comte a Sociologia deveria reconciliar os aspectos estáticos e dinâmicos do mundo natural, ou entre a ordem e o progresso, com o progresso sempre subordinado à ordem. Com estas ideias, Comte influenciou a tradição republicana na Europa e na América Latina.

Karl Marx (1818 – 1883) e Friederich Engels (1820 – 1895)

Durante o século XIX as transformações iniciadas com o invento da máquina a vapor permaneceram em ritmo acelerado, e as alterações no processo produtivo ficaram mais visíveis como o surgimento de novas máquinas, impulsionado pela descoberta de outras fontes de energia como o petróleo e a eletricidade.

Aos poucos surgiram movimentos de trabalhadores, já organizados em sindicatos, com o fim de transformar a sociedade capitalista.

Nasce o Socialismo, expresso por Marx e Engels com o objetivo de dotar os trabalhadores de condições de análise da sociedade do qual faziam parte.

Para Marx e Engels – ao contrário de Comte – não era necessária uma ciência para estudar a sociedade, mas esta deveria ser vista como um todo complexo de aspectos sociais, econômicos, políticos, ideológicos, religiosos, etc. Estes teóricos entendiam que o conhecimento científico da realidade só fazia sentido se este pudesse transformá-la.

Foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista e foi o mais revolucionário pensador sociológico.

Marx concebe a sociedade dividida em duas classes: a dos capitalistas que detêm a posse dos meios de produção e o proletariado (ou operariado), cuja única posse é sua força de trabalho a qual vendem ao capital. Para Marx, os interesses entre o capital e o trabalho são irreconciliáveis, sendo este debate a essência do seu pensamento, resultando na concepção de uma sociedade dividida em classes. Assim, os meios de produção resultam nas relações de produção, formas como os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Tudo isso acarreta desigualdades, dando origem à luta de classes.

Marx foi um defensor do comunismo, pois essa seria a fase final da sociedade humana, alcançada somente a partir de uma revolução proletária, acreditando assim na ideia utópica de uma sociedade igualitária ou socialista.

Um dos mais importantes conceitos elaborados por Marx foi o que ele denominou de concepção materialista da História. Segundo esse conceito, não são as idéias e os valores que as pessoas professam que provocam mudanças sociais, como sustentavam os filósofos da época; para Marx, as mudanças sociais são causadas por fatores econômicos, ou seja, fatores materiais.

Émile Durkheim (1858-1917)

Foi o fundador da escola francesa de Sociologia, ao combinar a pesquisa empírica com a teoria sociológica. Ainda sob influência positivista, lutou para fazer das Ciências Sociais uma disciplina rigorosamente científica. Durkheim entendia que a sociedade era um organismo que funcionava como um corpo, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver. Ao seu olhar, o que importa é o indivíduo se sentir parte do todo, pois caso contrário ocorrerá anomalias sociais, deteriorando o tecido social.

A diferença entre Comte e Durkheim é que o primeiro crê que se tudo estiver em ordem, isto é, organizado, a sociedade viverá bem, enquanto Durkheim entende que não se pode receitar os mesmos “remédios” que serviu a uma sociedade para resolver os “males” sociais de outras sociedades.

Para Durkheim, a Sociologia deve estudar os fatos sociais, os quais possuem três características: 1) coerção social; 2) exterioridade; 3) poder de generalização. Os fatos sociais apresentam vida própria, sendo exteriores aos indivíduos e introjetados neles a ponto de virarem hábitos.

Pela sua perspectiva, o cientista social deve estudar a sociedade a partir de um distanciamento dela, sendo neutro, não se deixando influenciar por seus próprios preconceitos, valores, sentimentos etc.

A diferença básica entre Marx, Comte e Durkheim consiste basicamente em que os dois últimos entendem a sociedade como um organismo funcionando, suas partes se completando. Por outro lado, Marx afirma que a ordem constituída só é possível porque a classe dos trabalhadores é dominada pela classe dos capitalistas e propõe que a classe proletária (trabalhadores) deve se organizar, unir-se e inverter a ordem, ou seja, passar de dominada a dominante, e assim superar a exploração e as desigualdades sociais.

Foi nesse contexto de mudanças que ele moldou a expressão Divisão Social do Trabalho, que via nesse fenômeno uma boba forma de dependência entre as pessoas, pois cada uma passava a depender da posição da outra na atividade econômica.

No entanto foi com o conceito de anomia que introduziu uma importante inovação na análise sociológica. Ele começou a investigar o fenômeno do suicídio, a fim de verificar se o evento seria um ato de decisão totalmente individual ou se o suicida estaria sob influência de fatores sociais. A conclusão a que chegou foi que os indivíduos investigados, ao buscarem a morte, estavam sob a influência de um ambiente social desprovido de normas e regras, chamou isso de anomia, que quer dizer ausência de normas.

Max Weber (1864 – 1920)

A obra de Weber está diretamente relacionada com a situação da Alemanha em seu tempo – industrialização tardia em relação à Europa Ocidental e participação na 1ª Guerra Mundial.

Weber percorre caminhos variados escrevendo sobre economia, questões religiosas, burocracia, urbanização, música, etc. Para ele o objeto da análise sociológica é o indivíduo, capaz de definir as finalidades para seus atos.

A Sociologia, segundo Weber, deveria compreender as ações dos indivíduos, atuando e vivenciando situações sociais com determinados motivos e intenções.

Foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia e é o pensador mais recente dentre os três, conhecedor tanto do pensamento de Comte e Durkheim quanto de Marx. Assim, ele entende que a sociedade não funciona de forma tão simples e nem pode ser harmoniosa como pensam Comte e Durkheim, mas também não propõe uma revolução como faz Marx, mas afirma que o papel da Sociologia é observar e analisar os fenômenos que ocorrem na sociedade, buscando extrair desses fenômenos os ensinamentos e sistematizá-los para uma melhor compreensão, é por isso que sua Sociologia recebe o nome de compreensiva.

Weber valorizava as particularidades, ou seja, a formação específica da sociedade; entende a sociedade sob uma perspectiva histórica, diferente dos positivistas.

Um dos conceitos chaves da obra e da teoria sociológica de Weber é a ação social. A ação é um comportamento humano no qual os indivíduos se relacionam de maneira subjetiva, cujo sentido é determinado pelo comportamento alheio. Esse comportamento só é ação social quando o ator atribui à sua conduta um significado ou sentido próprio, e esse sentido se relaciona com o comportamento de outras pessoas.

Weber também se preocupou com certos instrumentos metodológicos que possibilitassem ao cientista uma investigação dos fenômenos particulares sem se perder na infinidade disforme dos seus aspectos concretos, sendo que o principal instrumento é o tipo ideal, o qual cumpre duas funções principais: primeiro a de selecionar explicitamente a dimensão do objeto a ser analisado e, posteriormente, apresentar essa dimensão de uma maneira pura, sem suas sutilezas concretas.

Weber escreveu que a religião, pode exercer enorme influência no comportamento das pessoas e contribuir para moldar um tipo de sociedade.

Se deteve também em estudar o fenômeno da burocracia e sua função nas empresas. Percebeu que a burocracia era determinante para a organização e a eficiência das firmas, ao definir claramente as fincões de cada empregado e organizá-los segundo uma ordem hierárquica racional. Mas viu que a burocracia se tornaria também elemento de alienação e opressão para os empregados.

Em suma: a Sociologia de Comte e Durkheim são positivistas; a de Marx é revolucionária e a de Max Weber é compreensiva. E nisto talvez esteja a principal diferença entre esses quatro grandes pensadores da Sociologia.



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